sexta-feira, 8 de abril de 2011

Máquinas imperfeitas ou seres humanos?

Na verdade, acho que o documento só me mostrou a escrita da lei, porque tudo o que ele coloca já havia sido colocado em aula.

A pergunta que fica na minha cabeça é como desconstruir, por parte do corpo docente principalmente, essa ideia de segregação de quem tem deficiência. Porque isso já é tão enraizado em nós que até mesmo quando a gente está imerso no debate a gente cai nessa armadilha - eu caí! O rótulo ainda é o meio que os educadores encontram de pensar sobre seus alunos. E isso faz parte de uma "maquinação" dos estudantes, como se eles fossem uma máquina de aprender que já vem com um manual, e qualquer ritmo diferente do esperado é um defeito de fabricação. É importante que saibamos como são nossos alunos por inteiro, tratando-os como seres humanos que tem interesses, gostos, vontades, que são orgânicos e nos chegam a sala de aula com uma cultura, uma personalidade e uma história. Nesse sentido, eu acho que saber se um aluno é especial faz parte disso. O problema é todo esse desespero pelo "desempenho máximo numa velocidade padrão". Essas discussões me remetem às minhas aulas da físico-química, e a busca da física por um trabalho máximo sem dissipação de energia. Nem as máquinas são tão precisas, nem elas abbsorvem tudo! Por que nós seres humanos teríamos que ser assim?
Saber a história faz parte de tratá-lo como ser humano para partir desse ponto na sala de aula. Esse é o desafio de uma pedagogia da diferença, ultrapassar o limite do normal (a máquina de aprender, que tem desempenho máximo em velocidade padrão) e do diferente (que nem sempre se interessa, nem sempre aprende rápido e vem com um defeito de fábrica) e deixar aflorar a diferença e a multiplicidade próprias do ser humano. Um coleguinha gosta de andar de patins, o outro gosta de música, o outro gosta de ajudar a mãe a plantar. Por que não usar isso como referência, e desenvolver o conteúdo de educação física a partir de patins, o de artes com a música, o de ciência e matemática com uma horta, deixando que eles mesmos toquem uma parte da atividade? Por que padronizar tudo e esperar um monte de alunos padrão?

Um comentário:

  1. Achei muito bom o seu texto, compartilho das suas indagações em torno desta padronização dos alunos que tanto vemos nas escolas, que muitas vezes se esquecem que lidam com seres humanos e não máquinas programáveis.

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