Valendo-me da metáfora do caleidoscópio elaborada por Marsha (IN: Mantoan, 2003, p.26), penso ser este o mais belo exemplo do que são as diferenças em situação de inclusão. Pois ao olhar para ele, vemos diferentes formas, com colorações diferentes, mas que unidas compõem algo, a heterogeneidade. Além disso, no caleidoscópio as diferenças não são estáticas, cada vez que olhamos e o movimentamos, as diferenças são feitas e refeitas, infinitamente. Assim, penso que podemos introduzir a compreensão desses conceitos!
Entretanto, como a inclusão e as diferenças se traduzem na escola brasileira? Primeiramente, através da nossa legislação! A Constituição Federal prevê o ensino regular para todos, do ensino fundamental até o ensino médio, oferecendo, inclusive, educação infantil de acordo com a demanda. A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadores de Deficiência, celebrada na Guatemala (1999), da qual o Brasil é signatário, acabou por revogar algumas disposições contrárias presentes na LDB (como a substituição do ensino regular pelo ensino especial) a tais princípios. Ou seja, daí se entende que a escola brasileira deve estar aberta para todos: as crianças inteligentes, com dificuldades de aprendizagens, problemas de comportamento, as multi-repetentes, de classes sociais diversas, de diferentes credos religiosos, com condutas típicas, distúrbios neurológicos, de diferentes etnias,com alterações genéticas, crianças aidéticas, entre outras. (MANTOAN [org.], 2001, p.17)
Bem na verdade, as diferenças fazem parte das escolas brasileiras, o que presenciamos cotidianamente são situações de discriminação que conduzem ao fracasso escolar e exclusão de crianças remanejadas para o ensino especializado. Neste contexto, adentram na escola regular as crianças PNEE, elas são integradas ao ensino regular. Aqui chegamos ao ponto crucial: integrar não é incluir! A inclusão "prevê a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática. Todos os alunos, sem exceção, devem frequentar as salas de aula do ensino regular."(MANTOAN,2003,p.24)O radicalismo da inclusão que requer uma mudança na educação escolar, é o que assusta a muitos, principalmente, aos educadores!
A sensação de não saber o que fazer e o medo pelo qual passa o educador na escola inclusiva, implica que a vontade e interesse que este tem para trabalhar com um aluno PNEE se traduz na necessidade de especializar-se em todos eles, trabalhar na perspectiva educacional que compreende as diferenças. (MANTOAN [org.],2001,p.19)
Vi que você postou este texto antes da aula de ontem Pati, mas acabei por ler depois! E acho que isso foi ótimo, pois refleti sobre ele a partir da discussão que foi feita dentro da sala. O que o seu texto me desperta, que foi a mesma sensação que tive depois da aula de ontem, é que há a necessidade de se pensar em algo completamente novo dentro da sala de aula, porque do jeito que tá a coisa não vai andar...Faço menção também ao texto do Renan, que comenta sobre o fato de lidarmos com 40 crianças em sala. A pedagogia que vivenciamos não nasceu para salas tão cheias, nem foi pensada para uma multiplicidade tão estridente, que (ainda bem!) é uma característica marcante de nosso país! Esse medo de lidar com o diferente não deve reprimir, e sim movimentar para que seja feito algo novo. Não devemos lutar para tirar as crianças da escola e darmos um ensino diferenciado para acentuar suas diferenças, e sim lutar para uma escola que atenda ao público e respeite a todos.
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