segunda-feira, 21 de março de 2011

Comentário sobre a CONAE

Ao ler os eixos III e VI do documento da CONAE, muitas inquietações vieram à tona, especialmente após discutirmos em sala de aula os conceitos de diferença, inclusão e multiplicidade e seus contrapontos com o conceito de diferente, de igualdade e de diversidade.

O documento trata, a todo o momento, de uma legislação que deve abranger a diversidade, promovendo a igualdade entre os indivíduos. Entendendo que a diversidade busca semelhanças, o documento é coerente com aquilo que defende: a igualdade. Porém, a inclusão não deve ser regida por estes princípios e aí se encontra a “falha” do documento. Por isso, diante de todo o discurso sobre o que se faz necessário para que uma educação inclusiva não exclua, mas inclua de fato, o texto deixa a desejar em sua elaboração e fundamentação. Como vimos, para que a inclusão escolar possa ocorrer, é imprescindível que se leve em conta as diferenças das pessoas. Respeitar as diferenças é pensar no caráter múltiplo destas e, dessa forma, não há como excluir, pois as diferenças não classificam, não geram relações de poder.

Portanto, acredito que o documento, ao contrário de viabilizar reflexões a respeito da importância de se saber conviver com as diferenças e, então, promover a inclusão, nos leva a recuperar o mesmo sistema classificatório que ainda temos hoje, como ilustra o trecho a seguir: “(...) propõe-se a disseminação de política direcionada à transformação dos sistemas educacionais em sistemas inclusivos, que contemplem a diversidade com vistas à igualdade (...)” (Eixo III, p. 54).

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