domingo, 27 de março de 2011

a respeito do Eixo III da CONAE

A CONAE deveria ter sido "um espaço social de discussão da educação brasileira", como se propunha em seu documento-base. No entanto, a etapa regional de Campinas, de que outros colegas da FE e eu participamos - e para a qual nos preparamos, numa série de reuniões anteriores - mostrou-se uma encenação, uma vez que, entre outros problemas, as mesas organizadoras da discussão de cada eixo temático reservaram menos de uma hora para as contribuições dos participantes. A etapa daqui foi, na realidade, um espaço para que o público conferisse legitimidade democrática às idéias defendidas pela burocracia organizadora da CONAE.
Agora, se, por um lado, a participação na CONAE foi um choque de realidade, por outro, a leitura do documento, tanto antes como agora, é um contato com ficção - da qual os parágrafos 126, 128 e 129 são poucos exemplos.
Ou se encontram estudantes percebendo e reconhecendo que "seus direitos estão sendo respeitados como sujeitos socioculturais, históricos e de conhecimento"? E permanecendo "na instituição porque, em geral, gostam dela e porque aprendem, já que são boas as relações entre eles e os professores, pais, direção e demais servidores"?
Onde estão as "boas instituições, porque as condições de trabalho estão asseguradas, porque as situações de aprendizagem (envolvendo a pesquisa e a extensão) são cotidianamente produzidas e, ainda, porque os estudantes conseguem ter uma perspectiva ampla de formação e de sucesso quanto ao seu futuro, destacando-se o processo de continuidade dos estudos, a pesquisa e a inserção profissional", das quais o documento trataria? e onde está a "sociedade ancorada na circulação democrática de informações, conhecimentos e saberes, por meio de tecnologias de comunicação e informação" (como na p.54)?
Lamentavelmente, o único parágrafo coerente com a nossa realidade é o 144:
"Esses dados demonstram, claramente, como é flagrante a reprodução das desigualdades na escolarização brasileira. Com esses dados, constata-se que o Estado não vem cumprindo sua tarefa de oferecer educação em quantidade e qualidade para a nação brasileira. Como consequência, parcela significativa não possui as condições básicas para ser cidadão participante de uma sociedade letrada e democrática Esta parece ser uma forma de exclusão social articulada com a exclusão escolar."

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